às vezes ela sentia tanta falta do seu diastema e do desvio de septo.
das vezes em que você aparecia na casa dela às três da tarde e ela ainda estava de pijama. e daquela vez, às 7h da manhã, que você a acordou cantando tango.
pensava todo dia em te visitar. levar um sonho recheado com doce de leite pro seu lanche da tarde.
por duas vezes chegou a entrar no elevador.
aí o orgulho passou uma rasteira e amarrou o pé dela no pé da cama. a saudade encostou a cabeça dela no travesseiro. e a tristeza derrubou dois litros de lágrimas no lençol, que ainda tinha o seu cheiro e uma mancha de café que você deixou na pontinha.
e do alto do sexto andar coisas parecidas aconteciam.
ele sentia falta do olho direito que era mais claro que o esquerdo, e daquela manchinha nas costas que só ele conhecia.
sentia falta da música do 'n sync que ela cantava enquanto ele jogava video game. e da dancinha desajeitada tentando chamar a atenção no meio do jogo do grêmio.
pensava todo dia em visitá-la.
tinha a tristeza, o medo, a incerteza e o orgulho. pegou tudo isso e jogou do sexto andar.
alguém tem que fazer diferente.
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